quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Embaixador dos EUA pressiona autoridades portuguesas contra proibição do cultivo de OGM's na Região

Os Estados Unidos da América, através da sua Embaixada em Lisboa, estão a pressionar as autoridades nacionais e regionais para que os Açores não proíbam o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGM).

Numa carta enviada nos últimos dias de Dezembro ao presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, o embaixador norte-americano em Portugal, Allan Katz, manifestou “grande preocupação” pela intenção anunciada do Governo Regional proibir o cultivo de transgénicos.

A carta surge depois de o secretário regional da Agricultura, Noé Rodrigues, ter afirmado que o Executivo açoriano estava a preparar legislação para impedir a utilização de produtos geneticamente modificados na agricultura da Região devido à indefinição que o tema ainda gera na comunidade científica.

O diplomata norte-americano considera, no entanto, que os transgénicos “não constituem qualquer risco para a vida humana ou animal, ou até mesmo para ambiente” e recorda que a União Europeia gastou “300 milhões de euros” na última década em investigação nesta área, sem nunca ter encontrado motivos de preocupação em matéria de segurança.

Actualmente existem mais de 150 milhões de hectares de produções transgénicas em todo o Mundo em 29 países, oito dos quais europeus, incluindo Portugal e Espanha. O embaixador norte-americano apelou, por isso, a que as autoridades [portuguesas] revejam a sua posição e permitam que os “agricultores açorianos tenham acesso à mesma tecnologia que já é usada no resto do país e do Mundo”.

Allan Katz salienta ainda que os produtos geneticamente modificados permitem reduzir substancialmente a utilização de pesticidas, poupar as energias fósseis, diminuir a emissão de dióxido de carbono (CO2) e melhorar a utilização dos solos. O embaixador norte-americano termina a carta dando conta de que já fez chegar estas preocupações ao presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, e à ministra da Agricultura, Assunção Cristas.

O cultivo de produtos geneticamente modificados é um tema que tem suscitado diferentes opiniões no arquipélago, onde o presidente da Federação Agrícola dos Açores já disse que “é uma hipocrisia” impedir o cultivo de transgénicos, enquanto o Parlamento Regional está a analisar uma petição subscrita por um grupo de cidadãos a favor da proibição.


Notícia: «Açoriano Oriental», RTP/Antena 1 Açores, rádio Atlântida, «Jornal Diário», «Diário de Notícias» e «Diário Digital».
Entretanto, o Governo Regional já considerou serem “impróprias” as observações do embaixador dos Estados Unidos em relação ao cultivo de transgénicos na Região, frisando que aquelas declarações “exorbitam” as suas funções como embaixador.

Saudações florentinas!!

4 comentários:

Anónimo disse...

Escandaloso.é inadmissível um governo intervir desta maneira sobre os assuntos internos da região, parece que os Açores lhes pertencem. Espero que a resposta seja a altura do insulto.
E já agora espero que o governo regional não poupe os seus conselhos sobre política agrícola dos EUA...

Anónimo disse...

Os americanos que cultivem esses venenos na terrinha deles. O embaixador esqueceu se de dizer que a percentagem de pessoas que morrem de cancro nos EUA aumentou entre 2000 e 2010 cerca de 76% . Ora em 2000 foi o ano em que foi aumentada significativamente a area de cultivo destes OGMS nos EUA. Quanto a dizer que nao ha estudos cientificos que demonstrem o quanto os OGMS podem fazer mal à saude este senhor mente. E mente porque varias Associaçoes de Agricultura Biologica vieram provar que os OGMS utilizados tem na sua composiçao substancvias quimicas que estao directamente relacionadas com doenças cancerigenas nomeadamente cancro do estomago, leucemia, cancro do pancreas, cancro do figado. Ha ainda um estudo da Universidade de Helsinquia Finlandia que prova que ha compostos quimicos presentes nos produtos agricolas provenientes da agricultura industrial com OGMS que atacam o ser humano. Entre esses compostos foi detectado benzeno, um estudo acerca do potencial efeito de transgénicos na saúde pública foi o de Séralini (2007) . Estes investigadores reavaliaram estatisticamente dados publicados anteriormente pela multinacional Monsanto, e declararam que a alimentação de ratos com milho transgénico MON863 provocou toxicidade hepática e renal com mortalidade dos ratos utilizados em experiencias laboratoriais, bem como alterações no crescimento.

Anónimo disse...

estes americanos tem a mania que mandam no mundo por isso acontece como aconteceu no 11 de setembro eles que se metam lá na sua agricultura pobre que nós vamos vivendo com a nossa.escreveu o canaroca.

Fórum ilha das Flores disse...

Adenda informativa através duma notícia do «Açoriano Oriental»: "Plataforma Transgénicos Fora condena iniciativa dos EUA junto dos Governos português e dos Açores".

A Plataforma Transgénicos Fora, que integra 11 entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura, condenou a pressão dos Estados Unidos da América sobre as autoridades nacionais e regionais relativamente ao cultivo de transgénicos nos Açores.

“A Plataforma Transgénicos Fora condena este lóbi oficial a favor dos interesses privados de algumas empresas americanas e apela ao Governo Regional açoriano para que avance de imediato para a concretização da zona livre [de transgénicos] no arquipélago”, refere um comunicado divulgado por esta estrutura.

Neste documento, a Plataforma considera que a iniciativa norte-americana “não surpreende”, já que se enquadra num “padrão de interferência generalizada nas políticas europeias sobre organismos geneticamente modificados (OGM)”.

A Plataforma recorda que os agricultores açorianos têm acesso aos transgénicos desde 2005 e “nunca mostraram qualquer interesse” no seu cultivo. Por outro lado, rejeita que os transgénicos sejam inócuos e alerta que “a utilização de transgénicos na agricultura tem acarretado tal contaminação que o cultivo de sementes convencionais e biológicas já foi posto em causa em vários países”, frisando que esta evolução no arquipélago “representaria uma perda real e irreversível para a diversidade açoriana”.


Em notícia da secção «Ecosfera» do jornal «Público» é ainda acrescentado que:

“Esta iniciativa americana não surpreende, uma vez que os telegramas diplomáticos americanos revelados pelo WikiLeaks mostram um padrão de interferência generalizada nas políticas europeias sobre OGM, desde a França à Itália, à Hungria e até ao Vaticano, entre outros”, completa a Plataforma Transgénicos Fora.

Num desses telegramas, datado de 2007, o embaixador norte-americano em Paris, Craig Stapleton, sugeria a Washington que se iniciasse uma campanha de “retaliação” contra os países que se mostravam contra os OGM na União Europeia.

De toda a área plantada com alimentos transgénicos no Mundo em 2010 (148 milhões de hectares), 45% estão nos Estados Unidos (67 milhões de hectares). Em Portugal só o milho geneticamente modificado é cultivado, numa área de cerca de cinco mil hectarees.

Várias áreas do país foram declaradas como “zonas livres de cultivo de variedades geneticamente modificadas”, ao abrigo de uma legislação de 2006.