Autárquicas 2009: Lajes – «Sempre unidos e sempre em frente, juntos conseguem»
... Cocktail
Em coerência, no essencial, o que dissemos a propósito da inauguração da Casa Mortuária de Santa Cruz, aplica-se às Lajes. Retiram-se ilações idênticas, ainda agravadas por ter sido a Sul que se inventou inaudita «moda» e fez desta um triste «cagaçal». Em matéria de «modistas», as Lajes está mais bem servida, diga-se de passagem...
É tudo gente séria
Seria «normal» que, para o candidato do Regime, o sufrágio do próximo domingo fosse uma festa, para cumprir calendário, sem quaisquer dificuldades. A Oposição foi «pêra doce»; o Governo [Regional] investiu bastante; houve dinheiro com fartura; a gestão e legalidade da Administração Municipal estão documentadas com rigor, clareza e transparência; a «máquina de propaganda» trabalhou sem descanso; os «homens do Presidente», sempre unidos, executaram as «ordens superiores»; os avençados/mercenários zelaram pelo «bem da nação», sempre em frente...
O Povo foi posto definitivamente «na ordem» e está ciente que «Roma não paga a traidores». Prevalece a «lei da rolha». Pode ser «perigoso» participar em «ajuntamentos suspeitos». O «melhor» é estar de «bico calado». Aos do «reviralho», resta sussurrar com cautela ou, não tarda, são «chamados», podendo ver inviabilizadas as benesses, normalmente concedidas àqueles que servilmente se ajoelham à «situação».
Perante isto, «normal» será que, no sábado, dia 10, «a carne já esteja benzida, os caldeiros fumeguem, a massa sovada, as pipas regadas, a tenda montada... e os atiradores com braçados de foguetes, prontos a estourar».
Subsistem, todavia, «só» uns «pequenos detalhes», a aferir pelos debates da RTP/A e RDP/A, que toda a gente pode ver e ouvir. Há alguns aspectos que ainda merecem ser mais bem afinados. É «coisa pouca», mas talvez ajude «às sopas».
O candidato do Regime, que se propõe a mais 4 anos de Poder, em cima dos 12 que já leva na conta, pelo menos à luz do dia e perante a comunicação social, tem optado por centrar a «mensagem» nas suas auto-intituladas qualidades de liderança, pessoais e políticas. Ele lá saberá...
Vejamos:
Chamou o pai e o avô (que Deus tenha) para a campanha, como «testemunhas de abono».
Não haverá ninguém, vivo, no concelho das Lajes que lhe possa abonar?
Diz que já deu provas, na sua vida particular, de ser um homem que sabe fazer.
Se deu provas, elas estão dadas. E se estão! Escusado é dizê-lo, como se isso fosse uma grande novidade. Toda a gente vê...
Diz que faz tudo por amor ao seu concelho e ao seu Povo e que não está à frente da Edilidade para se servir, ou para servir a sua família ou os seus amigos.
Pois... Avelino Ferreira Torres, Fátima Felgueiras, Isaltino Morais e outros dizem o mesmo.
Diz que a sua grande preocupação foi dar empregos. Que de pouco mais de 20 funcionários fez com que o Regime empregasse cerca de 150. Que mesmo sabendo que alguns produzem pouco, é melhor ajudá-los a levar algum dinheirinho para casa...
Então, porque é que se queixa e acrescenta que o Quadro do Pessoal não suporta tanta gente, e que a situação é provisória?
Cabe-lhe, então, encontrar a solução mais adequada para um problema que ele próprio criou! Ou será que já tem uma solução à vista... mas não a pode dizer, antes das eleições? A isto chama-se alimentar a subsídio-dependência, ou «segurar as pessoas pelos queixos».
Diz que, ao longo dos anos, tem sido um alvo a abater.
Ora, se a Oposição nunca lhe fez oposição, se o Governo [Regional], como o próprio reconhece, está a atender às reivindicações apresentadas, se o Povo está calado... só pode ter sido alvo dos seus próprios actos, ou dos de «algum Judas» que com ele se senta/sentou à mesa...
Diz que, nas últimas eleições, só na véspera do dia é que se apercebeu que, afinal, a vitória não estava garantida.
Já alguém lhe perguntou, então, o que é que fez nesse dia? Diga!
Diz que vai pedir (ou já pediu) um estudo para aferir da viabilidade de construir um pontão no porto da Fajã Grande, de modo a que possa haver uma «praia de areia» na Zona Balnear.
É mesmo muita areia para atirar aos olhos! Por que é que não se lembrou de pedir um estudo relativamente à classificação da zona de risco da Ponta da Fajã, cujo levantamento reclama, satisfazendo os protestos dos populares da Ponta e as posições do partido que integra?
Diz que o outro candidato não é do concelho das Lajes e não tem nada a ver com o concelho das Lajes.
Onde é que esse candidato nasceu e foi criado? Qual a ilha e o concelho que o candidato escolheu para viver e trabalhar, quando terminou os seus estudos? Onde é que paga os seus impostos? Onde é que adquiriu e está a recuperar uma casa? No Pico? No Faial? No Corvo?
Diz que, avisado, desta vez, está a fazer uma campanha forte.
Isso nota-se. Sobretudo nas «notas de campanha» que as pessoas vão comentando diariamente, à boca pequena.
Diz que, se no resto dos Açores e em todo o País se trabalhasse à semelhança do Regime que instaurou nas Lajes, Portugal não estava na cauda dos 27 da Europa mas nos lugares cimeiros, a par dos países mais ricos.
Bolas! Isso é urgente e seria patriótico! O autarca das Lajes, deve ir imediatamente a Lisboa (ou a Bruxelas) dar uma conferência sobre boas práticas de gestão pública. Quem sabe se não será convidado a intervir na próxima reunião do
Ecofin ou até do
Conselho Europeu?
Brada e repete constantemente que é um homem sério, que as pessoas das Lajes o conhecem desde pequeno, que toda a gente sabe que ele é um homem sério, que quem é bem intencionado reconhece os sérios... e por aí fora...
O candidato da Oposição (que ganhou os dois debates, embora muito longe de ter esmagado) preferiu não entrar por aí, remetendo a palavra para os eleitores, no próximo domingo.
Realmente, se esse juízo for o principal critério, o Povo, que conhece «de ginjeira» o candidato do Regime, através do voto há-de dizer de sua Justiça.
Ironias, considerações e votos à parte, para que não restem dúvidas, e para que conste, o autor destas linhas esclarece o seguinte:
- não é apoiante do
candidato da Oposição, (cumprimentou-o socialmente uma única vez desde a pré-campanha), e várias são as críticas/sugestões que guarda relativamente ao seu desempenho como vereador, bem como ao
Programa Eleitoral que apresentou, reservando-as para altura oportuna, se este assim acatar, independentemente dos resultados do próximo domingo;
- por razões várias, tem feito por se conter relativamente ao exercício dos mandatos do
candidato do Regime, (sendo que, em 12 anos, apenas por 3 vezes trocou brevíssimas palavras de circunstância com o autarca),
o Presidente de Câmara mais forte com os fracos e mais fraco com os fortes que algum dia conheceu.
Preto no Branco.Ricardo Alves Gomes