sexta-feira, 24 de outubro de 2008

«A ilha do homem que compra votos»

No ponto mais ocidental da Europa, os pequenos partidos também podem ser grandes. Há um vocábulo político para [a ilha d]as Flores: tripolarização.

De mão estendida, a mulher ria-se, pronta a ser beijada. “Não me diga que a menina vai votar noutro partido?”. De quatro em quatro anos, o beija-mão propaga-se em ondas de choque da ponta leste, onde fica Santa Cruz, a maior vila da ilha, até ao extremo ocidental da Europa, a Fajã Grande. É uma espécie de vassalagem em cadeia: José Francisco Fernandes beija a mão das senhoras (sobretudo as mais pobres) e os políticos (sobretudo os mais necessitados) beijam a mão dele.

José Francisco Fernandes, número dois da lista do PSD. O candidato é um lavrador abastado, dono de terras e gado, e é actualmente o presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz das Flores.
Actual número dois da lista do PSD, o lavrador abastado de Santa Cruz tem o talento de fazer e desfazer campanhas eleitorais. Em 1996 ajudou a CDU; em 2004 deu um empurrão ao PS (contra o seu próprio partido); e nos últimos dias ponderava dar os seus votos para o CDS conseguir eleger um deputado na ida às urnas no [passado] fim-de-semana. O candidato social-democrata às eleições [legislativas] regionais dos Açores é o exemplo de como funciona o pragmatismo político nas Flores, a segunda ilha menos habitada do arquipélago, com 4.000 habitantes: não importa de que partido és; conta quem tu és; e, eventualmente, o que tens para dar.
Humilde e directo (“tenho a quarta classe”), José Francisco [Fernandes] dá o que pode: dá cimento e areia, cobre telhados, substitui portas, adianta dinheiro para desenrascar penhoras. Este ano dá também um petisco: leitões. Sempre pagos pela sua algibeira: “O Zé dá. Gasto muito dinheiro. Gosto de ajudar”. Mas nem sempre com o troco que gostaria: “Paguei a uma pessoa a telha e as portas e ela nas eleições seguintes estava na lista de outro partido. Há pessoas assim”.

No fim-de-semana passado [antes da realização das eleições, ainda em tempo de campanha eleitoral], a comitiva do PSD andava a sentir o pulso ao povo em Ponta Delgada, no lado norte da ilha, batendo à porta das famílias. “Um casal agarrou-se a mim, beijavam-me de tal forma que parecia que me estavam a morder. E diziam, abrindo as mãos: tudo isto foste tu que nos deste. És um santo, Zé!
O candidato confessa que prefere oferecer sem que lhe peçam e que tem técnicas infalíveis para perceber intenções de voto: “Olho-lhes para a menina do olho. E a algumas idosas faço um pouco de pressão. Digo-lhes que ouvi dizer que não vão votar em mim e elas sentem-se enrascadas”. Mas está tranquilo com a sua consciência: “O José Francisco [Fernandes] não é só o homem que compra votos. Também faço obra”. Como presidente da Junta de Freguesia de Santa Cruz melhorou o cemitério e está a construir uma casa mortuária na vila. “Como é que o presidente da Câmara [Municipal de Santa Cruz] deixou escapar estas obras? Claro que vou tirar partido delas na campanha”.
Os adversários não se metem directamente com ele. Quando José Francisco [Fernandes] se zangou com o PSD em 2004, vingou-se. Além de apoiar os socialistas na campanha, houve mais de 120 sociais-democratas na ilha [das Flores] que devolveram os cartões [de militante] ao partido. Agora, quer eliminar o deputado socialista que ajudou a eleger.

Nas Flores, nem os candidatos nem os eleitores costumam ser fiéis a cores políticas. No [pen]último sábado, nas escadinhas [da sede] do «Minhocas», o clube desportivo mais popular de Santa Cruz, o funcionário público José Barros Dias discorria o seu rosário eleitoral: começou por votar PSD, nos anos 80 passou à CDU, nos últimos tempos andou a pôr a cruz no PS e agora andava mais uma vez indeciso sobre quem gostaria de ver mais como deputado [regional]: “Tenho confiança no Paulo Valadão (CDU), que sempre levantou a voz para nos defender, mas o Paulo Rosa (CDS) é boa criatura. É professor do meu filho. O pequeno gosta dele”.
O comício começava lá dentro, no salão enfeitado de bandeiras do CDS-PP, com a estrela da campanha: Paulo Portas. O líder nacional do partido regressava à ilha [das Flores] menos de um mês depois de ter estado na apresentação do candidato local ao parlamento [regional]. Paulo Rosa, um professor de 39 anos, aceitou ser cabeça-de-lista independente [pelo CDS/PP], apesar de ter concorrido pelo PS nas [eleições] autárquicas de 1997 e 2001.
“A ideologia morreu”, justificava o candidato centrista ao «Expresso» antes de subir ao palco. “Num sítio pequeno como este, acredita-se nas pessoas e em projectos. Não terei pejo em aprovar propostas de outros partidos se forem boas para a minha terra. Sou um admirador do Daniel Campelo, o deputado do queijo Limiano.”
A postura rebelde deveria melindrar o líder do CDS, mas [Paulo] Portas tirou precisamente partido disso no seu discurso, apelando ao coração — e não à ideologia — dos 200 florentinos que enchiam a plateia [da sede] do «Minhocas»: “O Paulo Rosa é um homem de bom carácter, sem inimigos, puro, capaz de dar razão aos adversários”.
[Paulo] Portas visitou as Flores dez vezes nos últimos oito anos, convicto de que vale a pena gastar tempo na ilha, porque o êxito só depende da personalidade de quem concorre (“com 500 votos elege-se um deputado”). Disso e de os florentinos acatarem o conselho prático que deu, falando com a honestidade de um vizinho: “Ofertas a gente aceita, mas o voto é secreto”.

"Reportagem" integrante da edição de 18 de Outubro [sábado passado] do semanário «Expresso».
Saudações florentinas!!

28 comentários:

Anónimo disse...

quantos comprou??? quantos comprou???

Anónimo disse...

Poucos..poucos..as pessoas so querem é encher a barriga...

Anónimo disse...

“Paguei a uma pessoa a telha e as portas e ela nas eleições seguintes estava na lista de outro partido. Há pessoas assim”.
Isto vindo de uma gajo que já correu todas as capelinhas. Tem piada, o mancebo!

Anónimo disse...

21s e peixoneis, jf ou cds, psd é tudo farinha do mesmo saco

Anónimo disse...

porque será que o ferro velho novo e o pai se juntaram ao pp???????
e o paulo da sata que o ps é que o meteu lá na sata atrabalhar?????
e outros?????
muitor outros

Anónimo disse...

discretos... discretos...

Anónimo disse...

provaram o leitão?

Anónimo disse...

o j.F só comanda meia dúzia de chuletas da ribeira dos barqueiros viu-se pelos votos que conseguiu no concelho de santa cruz , foi parra que já deu uvas

Anónimo disse...

tava a precisar de uma saca de cimento ....

Unknown disse...

Pela festa da praça já sabia que ía haver comilhana, mas, enganei-me não era cosido de porco.

Anónimo disse...

talvez kerias telhas em vez de cosido naõ?

Anónimo disse...

Semelhante a este, só o facto de o Presidente do Governo meter o filho nas lista, em lugar elegível. Irra ....

Anónimo disse...

boa ideia... boa ideia...

Anónimo disse...

as pessoas pensam, e os politicos pensam que as pessoas não pensam, será que ele tambem pensou que as pessoas pensavam quando foi deputado...??

Anónimo disse...

Não. Muita gente não pensem. Se pensassim ele não tinha ido a deputado. O PSD dessa vez não devia era ter metido nenhum. Mas enfim, nem todos pensim

Anónimo disse...

este blog nao e democratico so passa o ke da jeito deve ser do ps

Unknown disse...

Prerarem-se porque o numaro 2 da lista do PSD ainda se vai sentar na Assebleia durante a esta legislatura e preparar a sua candidatura em primeiro lugar da lista quando a Berta Cabral se candidatar pelo PSD daqui a quatro anos.
E pra lá vamos!

Anónimo disse...

e o das telhas ainda vai voltar ao psd,porque o 1º da lista ira perdoa-lo.

Unknown disse...

Quem recebe telha,ou seja o que for,mais valia que pedisse dinheiro á banca pois assim o seu nome numca seria falado em praça publica por quem supostamente fez o acto de caridade e como inquisidor os vai prosseguir até que pagem!

Anónimo disse...

O segundo sentar-se na bancada do PSD na Assembleia Legislativa Regional, estou mesmo a ver as suas intervenções (com discurso escrito por outros) Sr Presidente, srs Deputados,minhas sras, meus srs, bla bla bla bla e bla, olha isto tem que ser aprovado, porque eu penso que as pessoas pensam que não votam mais no PSD, olha que eu sou valente, parto o pescoso a um.

Anónimo disse...

olhem aqui há troça do jose francisco e voces não apagam, será que voces são simpatizantes só da c.d.u., ou tambem são do p.p.c.d.s. ainda não vi aqui dizer mal destes dois, apenas alusão aqueles que se juntaram ao p.s. para xular , mas que foram votar, c.d.s.são estes concertezas, que voces admiram ?pois eu axo de muito mau gosto , cobardia, ninguem é obrigado a gostar dos partidos, apenas se não gostam ,tem todo o direito, mas já vi que voces gostam destes trocadilhos, e troca bolas.pois eu não tenho medo deles só voto onde quero, e não tenho medo de dizer em quem voto, nunca pedi nada aos politicos, por isso posso desancar todos quando me apetece.e não faço serimonia,.

Anónimo disse...

senhor levinio ,não cuspa para o ar e tente-se informar kem e o das telhas.talvez nao vai gostar de saber.tambem sei que e chato desconhecermos a realidade e depois ela nos magoar sem termos culpa nenhuma no cartorio.felecidades....

Anónimo disse...

Cuidado, não leves com a tábua no rabo.

Anónimo disse...

nunca os açores foram tao bem governados como no tempo do psd viva a social democracia agora nao ha democracia so ha para os mamoes do ps

Anónimo disse...

Bom dia, gostava de lançar um repto que é o seguinte: Se um cidadão normal para ingressar seja na Função Pública ou no Privado tem de ter um mínimo de habilitações, então porque carga de água estes políticos de meia tijela não têm de ter as habilitações adequadas a tão nobre cargo?

Anónimo disse...

a final aonde votou o jose frank

Anónimo disse...

vao mas e trabalhar os mamoes

Anónimo disse...

resposta...os politicos não precisam saber muito de letras, o que precisam é muita lata para enganar as pessoas, e bom estomago, para ouvilos a pedir os tachos e não enjoaraem.o j.f.não é letrado, mas lata não lhe falta, e jeito para desviar... (a conversa).