Três açorianos, 3 destinos diferentes: trabalhar “lá fora” para alcançar o sonho de uma vida...
Três açorianos, três destinos diferentes. Tércio Sousa, Tiago Santos e Dário Miguel fizeram as malas, despediram-se dos mais próximos e lutam agora naquela que todos apelidam de “aventura”, lá fora.
Moçambique, Espanha e Brasil, são os países aos quais Tércio, Tiago e Dário, respectivamente, escolheram ou tiveram oportunidade para encontrar um trabalho diferente, quem sabe um destino melhor. As razões que levam estes e tantos outros jovens a deixar os Açores são normalmente motivadas por questões económicas ou pelo espírito de aventura propício da sua juventude e leva a que estes muitas das vezes se transformem em histórias e com carreiras de sucesso.
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Tiago Santos, natural de Ponta Delgada, São Miguel, viajou aos 23 anos para Valência, em Espanha, para ingressar no ramo da informática. Técnico de instalação e manutenção de redes informáticas de uma empresa chamada ProSeleccion, o micaelense planeia ficar pelo menos mais 6 meses na vizinha Ibérica porque se adaptou bem e gosta do modo de vida a que se habituou. A possibilidade de aprender coisas novas e o seu grande interesse pela língua, o espanhol, aliado a motivos pessoais motivaram a sua saída dos Açores e, garante o próprio, voltaria a fazer o mesmo se surgisse novamente a proposta laboral. “Um grande apoio da minha família, e amigos em especial, foi essencial e voltaria a tomar a mesma decisão de sair dos Açores se fosse hoje”, referiu Tiago.
Dário Miguel, 31 anos, natural da Terra Chã, na Terceira, está há 9 meses em Cuiába, no Estado do Mato Grosso, no Brasil, e trabalha no ramo da hotelaria, no hotel Deville. A falta de trabalho nos Açores, e a esposa, que também se encontra no Brasil, levaram Dário a viajar para a América do Sul onde “temos oportunidade de crescer profissionalmente”, salientou.
Ambições
A nível profissional, Tércio está empenhado em ajudar a empresa onde trabalha a referenciar-se no mercado. “É difícil, mas são os objectivos complicados que nos fazem trabalhar mais e melhor”, sublinhou. “A nível pessoal, sinceramente não posso responder a isso, vou deixando a vida decidir. Por enquanto, não penso em regressar a Portugal”, salienta o jovem das Flores que agora tem que acordar às 4:30 da manhã para iniciar um dia trabalho.
Tiago ambiciona viver a vida a cada momento. “Nunca se sabe o que o futuro nos reserva, mas gostava de continuar a trabalhar na minha área”, refere. A falta dos amigos e da família são os principais condicionalismos de estar tão longe de casa.
Já Dário que mora numa cidade com muito movimento, muita poluição e com “trânsito muito desorganizado”, afirma que se vive praticamente com a mesma cultura, mudando os hábitos alimentares e o vestuário que agora são mais “leves”. A picanha e o arroz com feijão substituiu a alcatra à moda terceirense, e até o vocabulário teve que sofrer algumas alterações... “saudades da família que ficou nos Açores e das gentes das nossas ilhas, sem falar da beleza natural”, são as coisas que mais relembra.
Vivências
Tomar café a seguir ao jantar, “algo banal em Portugal”, refere Tércio, é um luxo em África. São pequenos detalhes como este que mostram a diferença e a variedade cultural que os continentes intercalam. A RTP-África é aquilo que liga Tércio a Portugal, mas iniciativas por parte da comunidade portuguesa não são frequentes.
Tiago refere que o português não se fala [quase] nada em Espanha pelo que, não fosse o seu interesse pelo espanhol, estaria agora em “maus lençóis”. “O sonho é correr e conhecer o mundo todo e quem sabe depois de esta grande experiência não seja possível”, afirma Tiago Santos.
Dário Miguel traz uma curiosidade às nossas questões. Segundo o terceirense falar “do jeito como se fala na Terceira... (risos) brasileiro não entende”. O vocabulário teve mesmo que sofrer algumas alterações e nem a língua de Camões parece ser mesmo suficiente para bom entendedor.
O futuro
A Pérola do Índico, Moçambique, é a casa de Tércio Sousa. “Viajar” por cidades e províncias, contactar directamente com populações, chamadas do “Terceiro Mundo”, e vivenciar de perto situações de miséria e desenvolvimento simultâneo são ocorrências diárias e que acrescentam história ao caminho e percurso deste florentino.
A falta da presença dos amigos e família nunca pode ser colmatada e qualquer um destes jovens açorianos vai relembrar a sua terra mais que ninguém. “O facto de acordar sempre com uma temperatura apetecível, com milhares de quilómetros de praia, uma gastronomia fabulosa, as melhores frutas que já tive o prazer de comer, e um povo amistoso”, são razões que, para Tércio, atenuam a distância e o que ficou para trás. “Como se diz cá: Moçambique quem te conhece, não te esquece jamais”, relembra Tércio Sousa.
Tiago Santos acostumou-se às tradições de Espanha e da sua língua. O facto de a Europa estar cada vez mais próxima reduz uma distância, que afinal não é tão grande para quem é ilhéu e sabe o que custa sair e voltar aos Açores. O seu contrato, o seu trabalho que enaltece e quer ver reconhecido podem ser a rampa para um mundo de sonhos e concretizações pessoais e profissionais. São Miguel e o mundo esperam-no.
Dário Miguel saiu da Terceira, deixou para trás a sua família, os seus amigos, as suas gentes e costumes. Agora, como referiu, tem oportunidade de crescer e enfrentar novos desafios num mercado promissor em terras americanas. Quando se fala num português nos “quatro cantos do mundo”, podemos acrescentar um açoriano, um ilhéu, um desejo de poder ir e conquistar um sonho ou simplesmente aventurar-se numa nova etapa. O Tércio, o Tiago e o Dário são apenas três exemplos, três açorianos, três destinos diferentes.
Reportagem integrante do «Diário dos Açores» desta 2ª-feira (dia 1).
Saudações florentinas!!
5 comentários:
Felicito estes três jovens que tiveram a coragem e a ousadia de irem para o exterior desenvolver as suas capacidades.
Na verdade, aqui nos Açores, assim como em todo o país, há cada vez mais dificuldades, desemprego e caos económico.
Ir trabalhar para o exterior é uma boa e saudável alternativa para quem não quer andar aqui a pedinchar empregos e a submeter-se às lógicas partidárias e burocráticas dum país e duma região à beira dum ataque de nervos.
Que esses jovens tenham muito êxito na sua vida pessoal e profissional, são os votos do Dr.Pardal.
Hardlink diz:
Nos dias de hoje, a volta de emigrar de país para paíz, principalmente sair dos Açores, deve ser mais aventura do que necessidade.
O Correio dos Açores esta semana, em forma de notícia, publicou que, há cerca de 5000 emigrantes nos Açores, vindos de: Cabo Verde- Brasil--Ucrânia e do Leste da UE.
Ao serem entrevistados, 60% dizem que pretendem permanecer nos Açores. Como se entende isto? Dos Açores,imigra-se para outros países por faltar trabalho. Em contrapartida, eles entram para os Açores para trabalharem vindos doutros países.
Adianta ainda o jornal que, os que entram nos Açores para trabalhar estão mais preparados em instrução do que os que saem das nossas ilhas para outros países.
Estou de acordo
Para mim, a força dos que emigram dos Açores, para diferentes partes do mundo,já levam no sangue açoriano aquele [espírito aventureiro]
Quer necessite ou não!
DCA
hardlink@aol.com
estou plenamente de acordo com o senhor DCA, hoje em dia não hà necessídade de sair dos açores como imigrante e eu falo da minha ilha das flores com tanto trabalho que aqui hà!que se fosse nos tempos em que me criava houve-se tanto trabalho de certeza que metade dos florentinos não tinham abandonado a sua ilha.
Gosto de sempre de ler o que o Dr. Pardal diz, mas desta vez ele está a esticar um bocado as coisas.
È como os outros comentários dizem os jovens estão numa aventura pessoal. Felicidades.
Culpar o governo pelas suas aventuras não está certo. Só em países como a Cuba ou Coréia do Norte é que o governo esta responsável por criar empregos para todos, na maioria e em especial no mundo ocidental o governo emprega uma pequena percentagem na segurança, saúde, e educação acadêmica das populações e o resto são os empresários que criam negócios que trazem riqueza não só a si próprios mas também geram oportunidades aos outros.
Em penso todos os partidos querem ver mais empresas a serem geradas não só para receber mais impostos mas também para reduzir o desemprego, criar riqueza e obviamente ganhar as próximas eleições.
Pena que um de esses jovens, Tiago Santos, tenha sido expulso, do programa, por má conduta,no dia seguinte à reportagem!
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