segunda-feira, 14 de março de 2016

Chef florentino Joel Vieira faz questão de “respeitar o produto e quem o faz”

Joel Vieira, de 29 anos, nasceu na ilha das Flores e conta que “como qualquer criança” foi variando os sonhos sobre o queria fazer no futuro.

Engenharia Naval foi uma das hipóteses: “Sempre estive muito ligado ao mar, ia pescar, andava muito na zona do porto, fiz vela durante vários anos”. Viveu nas Lajes até aos 17 anos, altura em que se mudou para São Miguel para conseguir ter Física no curriculum. Esteve em Lisboa, no Instituto Superior Técnico, a estudar Engenharia Mecânica nas não gostou: “Detestei Lisboa, detestei o Técnico”.

De regresso a São Miguel ainda esteve quatro anos em Economia – “não gostava daquilo não me sentia realizado” – até ter encontrado a sua vocação, a gastronomia. Decidiu arriscar – “nunca devemos ficar na dúvida” - e foi tirar um curso na Escola de Formação Turística e Hoteleira dos Açores. Antes disso diz que gostava de cozinhar “pelo lado social”, que até sabia cozinhar, “mas muito mal”.

As primeiras lembranças sobre cozinha remontam à sua vida na ilha das Flores: “Tenho três irmãs mais velhas que com a minha mãe sempre foram figuras muito presentes na minha educação e muito importantes na minha vida... tive a felicidade de as ver cozinhar”. A sua vida na ilha das Flores influenciou a sua maneira de estar na vida e principalmente na profissão, já que desde muito novo Joel Vieira se habitou a ter não só “vacas, porcos e galinhas” mas muitos produtos vindos da terra: “Tínhamos tudo o que era de cultivo: as batatas, as cenouras, as cebolas, os pepinos no Verão, as alfaces e o tomate...”

“Sempre tive essa envolvência – apesar de nessa altura não gostar – fui crescendo com essa envolvência e acho que isso também foi uma coisa que me deu um gosto e uma sensibilidade um bocado diferente”, afirma Joel Vieira. Assim foi com a horticultura, como foi com o peixe e com a carne: “Ver uma vaca a crescer e depois ser abatida, deu-me um respeito pelo produto que se calhar a maior parte das pessoas não tem”.

É por isso que hoje em dia, que chefia a cozinha no restaurante Calçada do Cais (em Ponta Delgada), faz questão de “honrar o produto”, querendo com isto dizer “respeitar o produto e quem o faz” e “ter o mínimo de desperdício possível”.

É tarefa difícil pedir-lhe que classifique o seu tipo de cozinha e é a custo que o faz: “Matriz regional, sazonal, fresco e de respeito pelo produto”. Insiste neste último ponto: “Tento ao máximo respeitar o produto porque sei que aquilo deu trabalho a fazer, deu trabalho a semear ou a plantar, deu trabalho a colher e é também uma maneira de respeitar todas as pessoas que estiveram envolvidas”.


Notícia: jornal «Correio dos Açores».
Saudações florentinas!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais um das Lajes que teve de sair da Ilha e o Governo e a Camara nada fazem para os manter cá.

Anónimo disse...

Há gente séria, com brio e gosto pelo seu trabalho, que à sua maneira contribui positivamente para o bem comum. É o que nos vai valendo e animando.

Em plena época quaresmal, onde o recato devia prevalecer, afigura-se um carnaval. Começou a dança das listas, nos partidos, onde tudo serve para a mediocridade sobreviver. Descosem-se, difamam-se, insultam-se, toureiam-se, urdem intrigas, fazem trapaças e, não raras vezes, vão ao nariz uns dos outros, em pungentes batatadas.

E isto para quê? Para darem contributos à sociedade e intervirem positivamente para o bem público? Não. É para andarem inchados por aí, senhores da sua importância. É para se servirem e servirem quem querem, à conta do nosso trabalho e daquilo que lhes pagamos.

Parabéns a este rapaz que faz o que gosta e, ao que consta, bem feito.