segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Alugando dois navios, Açores gastam metade do que custava ferry 'Atlântida'

Apenas para fretar dois navios, para os anos de 2010 e 2011, a AtlânticoLine, empresa pública detida pelo Governo [Regional] dos Açores, vai gastar mais de 20 milhões de euros, perto de metade da verba negociada para a construção do ferry Atlântida, nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Navio que continua parado nos ENVC, enquanto o Governo [Regional] dos Açores continua sem uma solução definitiva [para o transporte marítimo inter-ilhas].

Segundo dados disponíveis no portal das contratações públicas, a AtlânticoLine assumiu com a empresa [grega] Hellenic Seaways, por ajuste directo, o fretamento de dois navios para "realizar o serviço de transporte marítimo de passageiros e viaturas entre as ilhas da Região Autónoma dos Açores", lê-se na informação publicada pelo portal. As operações decorrem "nos anos 2010/2011, com eventual prorrogação para a operação comercial do ano 2012", lê-se ainda.

Assim, segundo o primeiro contrato, datado de Março deste ano, o primeiro navio foi contratado por 12,896 milhões de euros e o segundo contrato, rubricado 22 dias depois, por 8,350 milhões de euros. Ou seja, para assegurar o transporte marítimo de passageiros e viaturas entre as ilhas do arquipélago dos Açores, entre Maio e Outubro, segundo os contratos públicos, o Governo [Regional] dos Açores vai gastar, em dois anos, cerca de 21 milhões de euros. O serviço actual conta com velocidades que variam entre 20 e 38 nós, para os navios Hellenic Wind e Express Santorini.

Do outro lado está o luxuoso ferry Atlântida, encostado há mais de um ano na doca dos ENVC e que só em manutenção já representa um prejuízo de 300 mil euros, ao que acresce ainda a desvalorização constante do navio, inicialmente avaliado em 49,5 milhões de euros, segundo o contrato fechado com o Governo Regional dos Açores. Para já, a única hipótese de negócio para o ferry Atlântida passa pela sua venda à Venezuela, processo que ainda pode demorar.

O navio construído em Viana do Castelo foi rejeitado pelo Governo [Regional] dos Açores por uma diferença de 1,5 nós na velocidade, o que aconteceu pela primeira vez na história daquela empresa pública. De resto, luxo é algo que não falta ao Atlântida, que apresenta características pouco habituais para aquele tipo de navio. É o caso de um salão especial equipado com slot-machines e de condições para receber um mini-casino. Os dois navios contratados em 2006 e rejeitados pelo Governo [Regional] de Carlos César (o Anticiclone está ainda em fase de casco) deveriam assegurar as ligações entre as ilhas do arquipélago. Com seis pisos, o Atlântida tem capacidade para transportar 750 passageiros e 140 viaturas, dispondo de camarotes e suites.

Entre outras características, conta-se ainda uma zona de restauração self-service e uma cozinha em inox para suportar as centenas de refeições que diariamente poderiam ser servidas pelo navio, além de um bar no exterior e um infantário de apoio. Aspectos que não convenceram o Governo Regional dos Açores, que encomendou o navio aos ENVC mas que decidiu rescindir o contrato alegando a diferença de velocidade. Isto porque contratualmente o ferry devia atingir 18 nós de velocidade, mas nos testes de mar acabou por não ultrapassar os 16,6. Esta diferença [na velocidade máxima atingida pelo Atlântida] ficou a dever-se ainda às alterações que os Estaleiros tiveram de fazer ao projecto inicial, imposto pelo contrato e proveniente de um gabinete russo, e que acabou por aumentar a tonelagem [do ferry], conferindo maior segurança.


Notícia: «Diário de Notícias».
Saudações florentinas!!

6 comentários:

Anónimo disse...

O aqui afirmado justifica a frase "não passe o sapateiro além do chinelo". Então foi só pela velocidade que...? Do "Anticiclone" é melhor nem se falar. Iriamos de mal a pior. Qual projectista russo qual carapuça. Basta de histórias mal contadas. Os ENVC, com pergaminhos, foi vitima da negligencia e incompetencia de um seu colaborador (nunca chamado à responsabilidade) e, de mal a pior, viram-se "gregos" nesta alhada. A região o que precisa é de novos barcos concebidos de acordo com a s suas realidades. Creio que é o que se está a fazer.

Anónimo disse...

estou muito satisfeito que os amaricanos já desestiram do campo de treino no aeroporto das lajes mas que socego para as nossas cabeças e para o turismo que vizita os açores.

Fórum ilha das Flores disse...

Adenda informativa com mais uma notícia do «DN»: "[navio] Atlântida: um negócio "criminoso""...

Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo apontam dedo ao Governo Regional dos Açores por gastos desnecessários [de 21 milhões de euros no fretamento de dois navios até 2011]. "Não queria chamar [o Governo Regional dos Açores] de criminoso, mas talvez o possa chamar. Estamos a falar de um negócio que envolvia portugueses, empresas públicas, e que quando menos se espera fazem o que ninguém imaginava", explicou António Barbosa, da Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. "A Comissão de Trabalhadores está inconformada com a situação e queremos continuar a denunciar este escândalo nacional", acrescentou o porta-voz dos cerca de 800 trabalhadores da empresa.

JF disse...

A denúncia referida pelo representante dos trabalhadores, deve de facto ser continuada, e ser direccionada.
Se a governação em Lisboa e Açores é ruinosa para a economia, é necessário dizer que as várias oposições não são igualmente competentes. Ocupam-se demasiado tempo com baixa política seguindo uma estratégia mediática.
Com estas lideranças, o País não pode ter esperança.

Anónimo disse...

E pena porque un navio desta envergadura nao e feito em dois dias e esta sempre sujeito a alteraçoes que podem afectar o desempenho do mesmo. Mas mais vale 1.5 nó a menos do que nao ter nada . Tomara muitos navios darem-se ao luxo de atingir 16 nós quanto mais 18 nós e nao se esqueção que quem determina a velocidade do navio não que o governa mas sim o mar.

mar disse...

Mas mais vale dar dinheiro outro pais para fazer o nosso trabalho do que fazelo nos proprios nao importa se paga mos o dobros por mais 2 ou 3 nós de velocida ou as vezes ate menos mas nem pensar em reclamar com os de fora, porque eles e que sao os bons.