sábado, 21 de março de 2015

Uma viagem "fora de rota" pelo verde e pela(s) água(s) da ilha das Flores (2/3)

Quem vem de fora fica encantado com a ilha. E quem vive lá em permanência? A beleza natural basta-lhe? Não se sente isolado? Não se sente abandonado por uma Lisboa tão distante? Será fácil viver numa ilha perdida no meio do oceano?

Amigos dos piratas? Que remédio... A densidade populacional da ilha das Flores é hoje muito inferior à média açoriana.

Desde o povoamento, em meados do século XV, que há registos de queixas da população desta ilha em relação ao isolamento a que está sujeita. Os barcos que a abasteciam não tinham data certa para chegar, quer pela instabilidade do tempo quer pela ausência de um porto seguro para aportar, e desde os primeiros tempos que os florentinos se habituaram a desenrascar.

Às vezes até com uma ajudinha dos piratas, habituais frequentadores destas latitudes. Em certas ocasiões levaram à letra a velha máxima de "se não podes vencê-los, junta-te a eles" e em troca de água doce e mantimentos sempre conseguiam alguns produtos que não existiam na ilha. E certamente que sem meios suficientes para se defenderem esta era uma opção bem mais inteligente do que deixarem-se saquear.


Há o Jet Set açoriano, e há as Flores e o Corvo

Se pensarmos que só em 1992, com a inauguração do porto das Lajes a ilha ganhou um ancoradouro seguro, e que há apenas três décadas quase não existiam estradas dignas desse nome, percebemos o sentimento de abandono desta gente.

Os florentinos e os corvinos talvez tenham razão quando afirmam que se sentem excluídos do jet set - as outras sete ilhas do arquipélago - e que vivem no far west da Europa.

Até a rede de telemóveis só foi uma realidade na ilha das Flores no início deste século, aquando de uma visita do Presidente da República, Jorge Sampaio. Na altura instalaram uma antena provisória para servir a comitiva presidencial e só os muitos pedidos da população sensibilizaram o Presidente a ‘mexer os cordelinhos’ para tornar a antena definitiva.

Mesmo nos dias de hoje a operadora NOS não tem rede na ilha. Soube-o quando aterrei em Santa Cruz e liguei o telemóvel. Ainda pensei que a ausência de sinal fosse consequência do sítio onde me encontrava mas, quando perguntei a um local, fiquei a saber que era uma realidade em toda a ilha. Valeu-me uma loja da Meo perto do aeroporto onde pude comprar um cartão pré-pago, que me permitiu manter o contacto com o Mundo na semana em que permaneci na ilha.


Por aqui o medo não é que a terra trema mas sim que deslize

No grupo ocidental - Corvo e Flores - não há registos de sismos nem de atividade vulcânica desde a ocupação humana. São as únicas ilhas açorianas que estão sobre a placa tectónica americana o que explica a sua estabilidade. O resto do arquipélago encontra-se implantado sobre a junção das placas americana, africana, e euro-asiática, que estão constantemente em movimento, havendo registos de tremores de terra quase diários.

Nesta ilha o medo das pessoas não é que a terra trema mas sim que desmorone. Os solos estão saturados de água e os deslizamentos de terras são frequentes. Em 1987, uma derrocada na Ponta da Fajã destruiu algumas construções, o que levou as autoridades a classificar aquela zona como de alto risco. Tentaram mesmo obrigar os habitantes a abandonar aquele local, mas tal intento nunca foi conseguido e hoje várias pessoas habitam ali em permanência.


Reportagem do «Expresso Diário» e do semanário «Expresso».
Saudações florentinas!!

12 comentários:

Anónimo disse...

O gráfico é claro.
A autonomia que criamos não travou a sangria de gente que desde o séc. XIX se faz sentir.
Não era para ser o contrário?
Os nossos jovens continuam a sair, só que agora fixam-se em S. Miguel.
É isto que se quer para os Açores?
Que é que vai ser desta terra daqui a 20 anos?
Ou esta "autonomia" encarreira, ou o estouro está próximo.

Anónimo disse...

De quem é a culpa? Do Governo Regional. Vejam só este exemplo. Nas Lajes das Flores é a porta de entrada dos iates vindos do Sul e não são poucos faz o Governo um porto de recreio e em Ponta Delgada que não é rota de iates faz uma grande Marina gastando milhões para andar às moscas.

Anónimo disse...

O mundo moderno vive de modas. Quando as pessoas perceberem que o dinheiro não se come, que o "sonho americano" (em sentido lato: o sonho do materialismo) dá cabo do planeta que nos sustenta e que os recursos aquíferos fazem cada vez mais machete dos jornais pela sua escassez, as Flores e outros paraísos perdidos no "meio de nada" vão ter que pôr trancas à porta de tanta procura que vão ter.

Anónimo disse...

Sim, daqui a 20 anos serão pouco mais que 2 mil habitantes. Mas os Florentinos são os principais culpados por isso acontecer. Não valorizam as suas gentes, os que veem de fora é que são bons. São bons, mas não são melhores e mais tarde ou mais cedo partem. Os jovens florentinos com qualidade, também partem. As Flores será sempre, e só, num futuro proximo um destino turistico. É uma pena que assim seja.Vejam quantos abadonaram a ilha o ano passado.

Anónimo disse...

Entretanto a assembleia que criámos e que penosamente sustentamos, ignora o essencial e digladia-se por "nomes", discute intrigas e vive da trivialidade politica.
Criar "casos", que por si só não acrescentam um côvado à nossa felicidade, parece ser o propósito supremo dos 57 cidadãos que escolhemos para nos representar - cinquenta e sete.
Isto tem algum jeito?

Anónimo disse...

Temos um presidente na camara das LaJes Sucialista que passa o dia a chorar de uma divida com muito trabalho feito e nada faz a não ser trazer ralis e forroz e nada de obras feitas para dar emprego ao Concelho pensando ele que está a dar um grande futuro ao conselho das lages, é triste este concelho andar para trás sem emprego sem Hoteis sem grandes investimentos para manter os jovens nesta Vila Lajes. Assina o sempre atento para o melhor na Vila das Lajes.

Anónimo disse...

Boa noite a todos.
Com satisfação e surpresa positiva,vi hoje comentado com seriedade,propriedade e de forma construtiva,um assunto aqui trazido,sobre a evolução da população da nossa Ilha.É certo que é uma questão do maior interesse,mas muitas outras já aqui passaram e apenas serviram para troca de "Bitaites". Será que as pessoas finalmente perceberam o interesse que este Forum pode ter para a Ilha das Flores? Oxalá que sim.
Gostava no entanto de fazer um reparo ao auto-intitulado "sempre atento para o melhor na Vila das Lajes",uma vez que o seu comentário (também ele positivo),surge na sequência de uma notícia que mostra a desertificação da Ilha das Flores:
Por isso,e não ignorando,decerto,quanta gentinha tem as Lajse das Flores (mil e tal almas,boa parte dos quais já não são activos;Sabe também,decerto;já que pensa em desenvolvimento,que este só se pode fazer com gente;saberá igualmente,que o nosso futuro não passará mais por obras,pois nem são necessárias em larga escala,porque o essencial está feito (não está é pago) e não dinheiro para elas! Mesmo havendo Fundos da Europa,têm que haver 15% da Câmara e 20%? do Governo Regional. E se a Câmara está endividada como parece não haver dúvidas,onde vai buscar dinheiro para despesas correntes e investir?
O que acha? Comente, por favor!...

Anónimo disse...

Sem capital humano não nos desenvolvemos.
Não são os que já trabalharam e gozam o merecido descanso que nos vão trazer futuro.
São os jovens, sobretudo os qualificados, gente do século XXI, que nos podem trazer desenvolvimento e perspectivas de continuidade.
E o que é que tem estado a acontecer?
Os mais capazes partem, fixando-se e enriquecendo S. Miguel deixando isto cada vez mais pobre.
Fizemos a autonomia para inverter isto. Acreditámos que as coisas iam mudar, que os nossos filhos iam poder viver cá e que a imigração estacava.
Nada mais ilusório.
Se antes ficavam em Lisboa, agora ficam em S. Miguel.
Se antes se centralizava em Lisboa agora centraliza-se em Ponta Delgada.
Se antes as oportunidades eram para quem vivia em Lisboa, agora, aqui nos Açores, é para quem vive em S. Miguel.
A autonomia que penosamente criamos desembocou nisto: uns com oportunidades, porque vivendo na ilha maior, outros sem elas, porque nas ilhas de baixo.

ps - Dizem que todos tem direito as passagens baratas das lowcost. Tinham, se a SATA não ferrasse horários enviesados, que obrigam a passar uma noite em S. Miguel.

Anónimo disse...

A culpa de quem é dos nossos deputados e presidentes da Camara que são do mesmo partido e nada lutam nem batem o pé contra ao seu Governo da mesma cor em defesa do povo. Falam muito em defesa do povo é enquanto não apanham os votos para o tacho depois é o adeus ao povo.Assina o sempre atento para o melhor nas Lajes.

Anónimo disse...

A única maneira de criar e manter empregos que não produzem realmente aquilo que o consumidor quer é utilizando o governo.

Seja por meio de subsídios diretos, seja por meio de regulações. Apenas o governo pode manter operante empresas que produzem algo que não é genuinamente demandado pelo consumidor. E esses não são possiveis numa ilha como a das Flores. Os possiveis já estão criados.E se não há emprego, há que procurar noutra ilha, noutro país.

Anónimo disse...

este anónimo das 23.13 deve ser parente do passos em mandar o pessoal imigrar. as lajes precisa urgente de hotel como o do inatel que o geverno fez em santa cruz é neste concelho lajense onde se encontra tude o que o turista gosta, será que o senhor presidente da camara ainda não viu isto e já pediu ao governo para esta obra que trás emprego a esta vila também a pousada da juventude para esta vila mais emprego não é o senhor fraga falar no turismo temos que ter hoteis para eles.

Anónimo disse...

O anónimo das 23.13 está todo turbinado, tem o motor quitado. Você não faz ideia, da imbecilidade que acabou de proferir. Mais elefantes brancos! Não! Obrigado.