Cais das Poças mostra nossa identidade
Para o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, o Cais das Poças é uma montra de excelência dos saberes, sabores e arte de acolher dos florentinos. José Carlos Mendes espera que uma revisão dos preços no transporte marítimo e alterações no horário possam trazer mais gente à ilha das Flores em próximas edições.
É precisamente pelo grande envolvimento da comunidade do concelho de Santa Cruz que o Cais das Poças não é apenas um festival de música. É também um festival de gastronomia, de etnografia, de encontros e reencontros de velhos amigos, de divertimento. Em suma, é um certame popular, uma festa despretensiosa que serve para as pessoas se divertirem e para as pessoas participarem.
Também é importante referir que este festival só acontece porque tem o envolvimento de mais de uma centena de pessoas. E tendo em atenção a população que temos no concelho de Santa Cruz, que são cerca de 2200 habitantes, este número é deveras relevante já que estamos a falar de uma participação voluntária. Ora, tendo em atenção o cortejo, o concurso da pesca, a confeção do caldo de peixe que é oferecido a toda a gente, envolvemos, como já referi, mais de uma centena de pessoas. E é gente que ano após ano chega cheia de boa vontade e alegria para fazer a sua festa, para que eles próprios participem e desfrutem da mesma mas, em grande medida, para que se dê o melhor de nós e do concelho a quem nos visita.
É por isso que têm a preocupação que conceber um programa com atividades que vincam várias vertentes da vossa identidade cultural, desde o cortejo às atividades náuticas?
Esse foi, desde o início, o nosso grande objetivo. São três dias que resumem a identidade florentina para aqueles que chegam pela primeira vez. Não é à toa que o cortejo etnográfico recebe o nome de "Vivências e Tradições". Não é à toa que há uma intensa componente de atividades ligadas ao mar. Com tudo isso, nesses dias mostramos a quem nos visita quem somos e o que somos com um acolher genuíno, de quem gosta de receber e conversar. Aliás, o grupo ocidental e as suas gentes são conhecidos pela simpatia e pela arte de bem receber.
E que peso tem este evento na economia local?
Em termos de economia é uma agitação diferente e isso nota-se nas ruas, no comércio, por todo o lado. Há gente que já vem de propósito à ilha das Flores nesta altura do Verão a pensar na festa Cais das Poças, seja ao nível dos emigrantes, seja ao nível dos florentinos que estão espalhados por outras ilhas. Também já temos turistas, especialmente franceses e espanhóis que optam por estas datas porque fazem questão de participar no concurso da pesca desportiva.
Por tudo isso, entendemos que este evento é um dos grandes investimentos que o município faz na economia. Toda esta gente que vem cá gasta dinheiro, dinamiza e revitaliza a nossa economia. E é isso que nós precisamos. E é isso que faz falta: mais riqueza, mais desenvolvimento e, por essa via, mais emprego.
Mas é preciso fazer chegar as pessoas à ilha das Flores?
Neste momento, penso que as coisas estão numa situação que podemos considerar estabilizada ao nível do transporte aéreo. Nesta altura do ano temos voos em quantidade suficiente. Já quanto aos transportes marítimos podia ter sido um pouco diferente. O barco da AtlânticoLine, infelizmente, chega no sábado e sai no domingo. Pretendíamos que fosse na sexta-feira, uma vez que desta forma não dá oportunidade às pessoas de estarem presentes na festa toda. Para o ano, já temos contactos feitos com a AtlânticoLine que nos asseguram que o barco vai chegar na sexta-feira.
A grande maioria das pessoas chega por barco?
Não, chega por avião. E isso acontece por uma simples razão: a viagem de avião é muito mais rápida, muito mais confortável e também a diferença do preços entre o transporte marítimo e o transporte aéreo não é suficientemente apelativa para que as pessoas procurem o barco em massa. Se uma pessoa que sai de São Miguel para vir às Flores paga 90 euros no barco e se paga 120 no avião, a escolha é simples.
Acha que os preços deviam ser revistos?
No que respeita ao grupo ocidental, no nosso entender e devido à distância, impreterivelmente o preço teria de ser apelativo.
Mas já tem muita gente das outras ilhas no festival?
Evidentemente que sim. Aliás, nesta altura de Verão a nossa capacidade está praticamente esgotada.
Notícia: suplemento especial do jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!