sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Observatório para controlar invasoras

Em 2011, investigadores da Universidade dos Açores recomendaram a criação de um Observatório exclusivamente dedicado às espécies invasoras. O projecto nunca saiu do papel.

O problema das plantas invasoras nos Açores justificaria a constituição de um Observatório que acompanhasse as estratégias de erradicação das espécies exóticas nas ilhas. A opinião é do investigador universitário Rui Elias, lembrando que essa proposta foi feita em 2011, não tendo sido, ainda assim, concretizada.

“É fundamental que haja a condensação de informação num só local. Neste momento, essa informação sobre as plantas invasoras está dispersa. Há anos, num congresso sobre o assunto, um conjunto de investigadores - não só dos Açores, mas de outros lugares como o Havai, que tem grande experiência nessa matéria - recomendou que se constituísse um órgão que agregasse todos os take-overs da questão, nomeadamente as Juntas de Freguesia, as Câmaras Municipais, o Governo Regional, a Universidade... Isto permitira, por exemplo, que assim que se visse uma coisa estranha, que pudesse ser uma dessas espécies, fosse dado o alerta. Prevenir é o melhor que se tem a fazer”, afirmou Rui Elias.

A proposta dos investigadores passava pela criação de uma entidade regional - o Observatório Regional de Biologia das Invasões - exclusivamente dedicada aos problemas associados às invasoras, a quem caberia a recolha e gestão de informação, a prevenção e análise de risco, a detecção precoce, o alerta e a resposta rápida, o controlo e a monitorização, o apoio à decisão, a educação ambiental e a transferência do conhecimento. Trata-se de uma ideia que, segundo Rui Elias, continua a fazer sentido. Recentemente, aliás, foi publicado um artigo em «Science for Environment Policy» sobre o desenvolvimento de uma base de dados sobre espécies invasoras marinhas, que pode permitir a partilha de conhecimentos entre os vários interessados na problemática. Uma partilha que, sublinha o especialista, não existe, neste momento, nos Açores.

“Não há uma coordenação, ninguém fala com ninguém. Seria necessário criar um verdadeiro mecanismo de interação entre as várias vertentes - prevenção, controlo e gestão - para que o combate às espécies invasoras fosse eficaz. O Governo Regional tem, de facto, algum trabalho feito no controlo das espécies, mas de resto cada Parque Natural de Ilha faz o que entende”, avançou.

O facto é que são necessários vários passos para que a gestão e o controlo das pragas sejam mais eficazes. Até porque fazê-las desaparecer, frisa Rui Elias, é impossível: “Pode controlar-se a expansão nos últimos redutos de floresta natural dos Açores. O que os investigadores temos feito são estudos sobre essas espécies. No que diz respeito ao incenso, por exemplo, temos um trabalho a decorrer há cinco anos em que, em quadrados experimentais, erradicamos a planta e recolhemos os dados científicos, fazemos o acompanhamento para que possamos ter algumas certezas sobre como a floresta reage ao controlo”.

Trata-se, adiantou o investigador universitário, de um problema complexo: “Não se pode simplesmente não voltar lá, porque podem aparecer outros indivíduos e o controlo de uma invasora pode propiciar o aparecimento de outra”, sublinhou Rui Elias.


Notícia: «Correio dos Açores» e «Diário Insular».
Saudações florentinas!!

7 comentários:

Marcia Andre disse...

Isto é muito imortant, obrigada. I would appreciate a chance to talk with others about this important topic. Eu gostaria de ter uma oportunidade de conversar com outras pessoas sobre este importante tema.

Anónimo disse...

Não é fácil discutir esta temática.
A hortênsia, símbolo da marca Açores e planta de postal, é uma infestante de origem japonesa, introduzida pelos povoadores.
A criptoméria também.
A faia do norte, de disseminação fácil, provém da Austrália.
A preservação das endémicas, com controlo das infestantes deve acontecer nos parques naturais.

Anónimo disse...

Eles não sabem o que dizem ,porque não pensão,hoje as maiores infestantes ,são o conhecido encenso a cana roca que predominam em abundancia ao que estão a matar outras espesses como o cedro o pau branco o sanguino romania o folhado etc.

Anónimo disse...

Desde quando é que a criptoméria é uma infestante?LOL Era bom, era. Assim, não custava plantá-la...
O rótulo de "infestante" anda a subir à cabeça de muito boa gente. Não sabem do que falam.
Todas as plantas têm ciclos, tal como a Terra. Aparecem, morrem e dão lugar a outras.

Anónimo disse...

A fronteira entre "infestante" e "planta introduzida" é difusa.
Se entendermos por infestante plantas introduzidas de propagação rápida, a criptoméria não é infestante.
Se se considerar infestante as plantas introduzidas, de propagação natural lenta, mas com larga expansão territorial, a criptoméria é infestante.

Marcia Andre disse...

There is a difference between exotic plants and invasive plants. The Cryptomeira is a exotic plant, but not an invasive. Focus should be on those species that threaten the health of the existing native forests.

Há uma diferença entre as plantas exóticas e plantas invasoras. O Cryptomeira é uma planta exótica, mas não um invasor. O foco deve ser sobre essas espécies que ameaçam a saúde das florestas nativas existentes.

Anónimo disse...

Ora bem...Já o velho Salazar dizia e voçês aprenderam e depressa..se quiserem "emperrar" qualquer decisão é criar comissões de estudo sobre o tema e leva anos sem fim a se chegar a uma conclusão.Estão sempre a tapar o sol com uma peneira ! Vamos começar pelas hortencias.Quando eu me criava iamos para o mato de sol a sol arrancar borrecas ,de foicinho aparar os bardos de hortencias e com uma sachola arrancar alguma mais atrevida que entrava pela relva dentro.O incenso estava mais ou menos controlado porque era na maioria apanhadp para o gado comer no palheiro.Depois da entrada da CEE mudou tudo de figurino. A cana roca está já à porta da cozinha ,a tabaqueira que é uma peste está cada vez a conquistar mais terreno.A cana roca já subiu às cotas dos 700 metros e conquista tudo,e estão estes meninos e meninas a brincar às endémicas...Não se preocupem com elas.Arraquem mas é as infestantes que elas nascem expontâneamente.Deixem-se de mais estudos e peguem em foicinhos sacholas e máquinas roçar e está o problema resolvido. Mas andar anos e anos no blá blá é muito melhor e não doi as costas.
N.F.