quarta-feira, 11 de maio de 2016

Falta financiamento para testes em medicamento para doença do Machado

Ensaio clínico pretende testar a eficácia de anti-depressivo como retardador na progressão da doença Machado-Joseph.

Durante os seus estudos, a investigadora Patrícia Maciel descobriu que a administração de um fármaco antidepressivo a ratinhos com sintomas da doença de Machado-Joseph permitia retardar a progressão da doença. Estes dados animadores levaram a equipa de investigação a desenhar um ensaio clínico que permitirá testar a eficácia deste fármaco nos doentes. Agora procuram financiamento no valor de 300 mil euros para arrancar com o ensaio clínico.

A investigadora explicou ao jornal «Açoriano Oriental» que "recentemente tivemos resultados da aplicação desse fármaco em ratinhos, nos quais se atrasou bastante a progressão da doença e melhorou os sintomas. Agora é preciso confirmar se isto também é válido nos seres humanos". A doença de Machado-Joseph é uma patologia cerebral que provoca a perda de coordenação motora, acabando por confinar os doentes a uma cadeira de rodas e é até ao momento incurável.

Patrícia Maciel adiantou que o ensaio clínico já reuniu o apoio da empresa que vende o fármaco a testar (que o fornece gratuitamente para o ensaio) e conta com a colaboração voluntária dos médicos que nele participarão sem receber compensação financeira. Mas faltam ainda 300 mil euros de financiamento para aspetos organizativos, como seja o transporte de doentes para participar no ensaio clínico.

O ensaio clínico está desenhado para durar dois anos, o que a investigadora justifica pela "lenta progressão" e o número de doentes que necessita de acolher. O objetivo é avaliar se o fármaco poderá atrasar os sinais da doença, sendo que por isso os doentes a participar deveriam estar a manifestar os primeiros sintomas da doença ou pelo menos numa fase muito precoce da doença de Machado-Joseph.

Refira-se que um ensaio clínico que tenha por objetivo a validação da segurança ou do efeito de um fármaco é um estudo de investigação no qual indivíduos voluntários recebem um tratamento cuja acção ainda não está devidamente comprovada em humanos.

A doença de Machado-Joseph tem uma prevalência significativa nos Açores. Segundo dados de 2011, existiam 99 doentes distribuídos maioritariamente por São Miguel (53) e pelas Flores (26), com uma média de idades a rondar os 40 anos. Mas existem também doentes na Terceira, Faial, Graciosa e Pico.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

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