domingo, 30 de agosto de 2015

A freguesia da Fajãzinha

A freguesia da Fajãzinha é uma das menos povoadas do concelho de Lajes das Flores, distando aproximadamente 15 quilómetros da sua sede concelhia.

Localizada na costa ocidental da ilha das Flores ao sul da freguesia de Fajã Grande, estende-se por um planalto irregular, que encerra entre mistérios e tradições, quatro enormes e maravilhosas crateras denominadas Lagoa Funda (com cerca de 108 metros de profundidade), Lagoa Comprida, Lagoa Branca e Lagoa Seca.

A freguesia da Fajãzinha é atravessada pela ribeira Grande, a maior corrente cristalina da ilha das Flores, que, apesar de bela e majestosa, provocou no passado inúmeras inundações, tal como o padre José António Camões refere na sua obra «Roteiro exacto da costa da Ilha»: "Passado aquela povoação encontra-se logo a Ribeira Grande, que divide a freguesia (...) Cai a dita ribeira de uma formidável cachola, eminente à freguesia da Fajãzinha, a que dão de altura 200 braças: e caida, vem sucessivamente encorporar-se e ajuntar-se todas as águas da rocha, que serve de demarcação à freguesia desde leste a sueste".

A título de curiosidade, regista-se que em 1789, sob a orientação do juiz de fora José Gonçalves da Silva, foi construída uma ponte de pedra sobre a Ribeira Grande, uma construção formidável para a época mas que ficou para a História como "a ponte da má memória", tal como o padre Camões elucida: "[Houve tal inundação e enchente em 1794] que não só derrubou a dita ponte, mas nem sequer ao menos dela ficou o menor vestígio, sem rasto, saindo de seu leito natural a dita ribeira que no desembocar no mar deixou um areal largo em maior distância de 300 braças com uma perda inestimável dos pobres lavradores que possuíam terras a ela contíguas, que todas ao mar foram derregadas".

Desde sempre, a freguesia da Fajãzinha desempenhou um importante papel administrativo no conjunto da ilha das Flores, já que foi desde o longínquo ano de 1676 sede paroquial das Fajãs, englobando os lugares de Ponta, Fajã Grande, Caldeira e Mosteiro, sob o orago de Nossa Senhora dos Remédios. Só em 1850, o Mosteiro e a Caldeira ascenderam a freguesia e, já em 1861, foi a vez de Fajã Grande e Ponta Delgada das Flores receberem tal privilégio.

Esta região pitoresca e repleta de tradições foi ainda abençoada por paisagens naturais dignas de um verdadeiro paraíso. Perante tal sublimidade, João Vieira fez a seguinte descrição: "Na encosta íngreme do vale, a mão do homem, com muito suor, construiu a sua igreja e as casas, abriu o caminho onde penosamente deslizaram 'corsões' (zorras), meio de comunicação com o resto da ilha. Admirável exemplo da implantação no terreno em harmonia com a paisagem. Visto do alto, o casario, talvez por ciúme, corre para o mar, acompanhando a Ribeira Grande, que por mais de quatro séculos abasteceu de aguadas a navegação que sulcou os mares entre o Velho e Novo Mundo. Entre searas de milho que circundam o casario branco, uma estrada de asfalto negro serpenteia entre a verdura. Se o paraíso bíblico tivesse existido à beira-mar... bem poderíamos pensar que este recanto lhe pertenceu."


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Lajes das Flores.
Saudações florentinas!!

4 comentários:

Anónimo disse...

Podem me dizer se há Rave na Fajã Grande

Anónimo disse...

Não há porque não passaram as licenças de ruido.

Anónimo disse...

Sexta não hà mas sabado há no fim da avenida.

Anónimo disse...

Porquê não passam na sexta a licença e passam no sabado, no fim da avenida, eu devo ser muito estupido