domingo, 16 de agosto de 2015

A freguesia dos Cedros

Parece provável, como deduziu Pedro da Silveira, que o nome da freguesia dos Cedros possa relacionar-se com alguém vindo da freguesia faialense homónima, até porque numa e noutra existe, por acaso, o topónimo Cascalho. E com certeza havia, em ambos estes lugares do povoamento açoriano, uma insólita abundância daquela árvore endémica tão rija e preciosa, insubstituível para a construção civil e militar dos descobridores: o cedro ou cedro-do-mato, cujo nome científico é juniperus brevifolia.

A paróquia de Nossa Senhora do Pilar dos Cedros é a quinta mais antiga da ilha das Flores (depois das Lajes, Santa Cruz, Ponta Delgada e Fajãzinha), integrada pelos lugares dos Cedros e da Ponta Ruiva. A 29 de Julho de 1693, a então instituída freguesia contava com 50 casas e 176 almas, delimitada ao norte pela Ribeira das Barrosas e pela Ribeira da Alagoa ao sul.

Depois da demolição da insegura igreja velha em Setembro de 1945, a primeira pedra da nova Igreja da Nossa Senhora do Pilar foi lançada a 22 de Janeiro de 1950, graças às diligências do pároco José Maria Álvares, e o templo recebeu a sua benção oficial a 18 de Junho de 1953.

O ilhéu Furado e o ancoradouro da Alagoa foi, durante séculos, o único porto natural acessível da ilha das Flores, quando se registava vento sudoeste forte. Foi também porto de salvamento de várias embarcações e de exportação de laranja: a laranja do vale da Alagoa, exemplo do sucesso de uma economia extra-periférica, foi exportada directamente para a Inglaterra com navios ingleses e portugueses que a vinham buscar. Realmente, o lugar da Alagoa pode ser considerado a "alma" dos Cedros, constituindo o seu acesso ao mar e outrora celeiro e pomar da freguesia.

No tempo antigo, muitos cedrenses iam descalços à vila, como os outros, mas traziam consigo sapatos e gravata num saquinho fechado com um cordão, a típica mala de retalhos, para os vestirem nos arredores de Santa Cruz: a antiga distinção da população dos Cedros é confirmada pelo facto de ter sempre tido a mais baixa taxa de analfabetismo da ilha das Flores. Figura destacada do ensino na freguesia foi sem dúvida o professor Fraga, falecido em 1929 nestes Cedros, hoje com cerca de 120 habitantes.


Notícia: "sítio" da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores.
Saudações florentinas!!

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