sexta-feira, 17 de junho de 2016

Editores açorianos vivem dificuldades temendo pela continuação da atividade

Os editores açorianos admitem estar a viver momentos difíceis e alguns consideram mesmo que a atividade está em risco na Região, um receio partilhado pelo crítico literário Vamberto Freitas.

Atualmente existem no mercado açoriano as editoras Letras Lavadas, VerAçor, Blu, Edições Macaronésia e Companhia das Ilhas, concentradas nas ilhas de São Miguel e Terceira, a par das edições de autor.

José Ernesto Resendes, da editora Letras Lavadas, admitiu que o futuro das editoras açorianas “está posto em causa” pela crise económica e financeira, que também afetou o setor, e pelas alterações introduzidas no mercado livreiro, em termos digitais.

Carlos Alberto Machado, da Companhia das Ilhas, declarou que “há realmente o risco, senão de desaparecimento, de redução drástica da atividade” das editoras nos Açores. O editor salvaguardou que há falta de hábitos de leitura e que a Direção Regional da Cultura está a desenvolver uma “política extremamente errada” na promoção de novos leitores.

Fernando Ranha, editor da VerAçor, afirmou que não vê grande futuro para as editoras da Região e referiu que a sua empresa irá ter uma atividade “extremamente limitada” centrada em publicações relacionadas com o turismo, apostando-se em termos literários em três ou quatro autores. Na sua opinião, os “tempos são extremamente difíceis” e o Governo Regional deveria criar uma agência de promoção de autores açorianos.

“As nossas editoras correm o risco sério de desaparecerem por completo e ficamos, uma vez mais, dependentes, como no passado, das edições de autor nas gráficas que nos restarem”, afirmou o escritor e crítico literário Vamberto Freitas.

O professor universitário considerou que a “precariedade” que existe no mercado na Região condiciona o surgimento de novos valores, uma vez que é “extremamente difícil” para as editoras do arquipélago, que “têm um mercado limitadíssimo”, sobreviver sem um apoio institucional. O escritor explicou que esse apoio institucional deveria traduzir-se não em subsídios, mas na compra de alguns exemplares dos livros que “ajudem a pagar uma primeira edição”.

“Os novos autores têm graves problemas nessa perspetiva, a não ser que concorram a um concurso literário a nível regional ou local. As nossas editoras estão a passar uma crise muito grande e é raro apostarem num autor sem haver dinheiro envolvido. Tem que haver uma certa garantia de compra de exemplares de um determinado novo autor”, frisou Vamberto.


Notícia: jornal «Açoriano Oriental».
Saudações florentinas!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Não se terão tornado inacessíveis por culpa própria? Não é fácil a qualquer novo escritor, sem nome e sem fama ainda, dispor de milhares de euros para publicar um livro que levará anos a pagar-se a si próprio? Não seria melhor ser mais acessível mas duradouro, em vez de enriquecer à pressa? É uma opinião.

Anónimo disse...

Editar um livro na Alemanha, por exemplo, custa metade do preço do que editar em Portugal. O que os "novos valores" tem de fazer é recorrer a estas editoras. Ganham mais dinheiro, publicam mais e não andam a pagar impostos para sustentar coisas que não tem viabilidade económica e garantem uma projecção muito limitada.