domingo, 5 de junho de 2016

Ilha das Flores, passos em volta

Uma ilha para passear sem pressas, com trilhos de tirar o fôlego. A cada esquina, uma beleza. Seja por terra, pelo ar ou pelo mar, como atesta a fotogaleria de Enric Vives-Rubio.

São pouco mais de 16 quilometros por 12 e menos de 4 mil habitantes. E porém, a cada passo, uma atracção extraordinária nesta também Reserva da Biosfera (o coração da ilha das Flores).

Para além das descobertas das vilas e aldeias e do património (as igrejas são admiráveis, a Fábrica-museu da Baleia ou o Museu das Flores em Santa Cruz, os museus do Lavrador ou de Lacticínios nas Lajes), é obrigatório serpentear e andar a pé — ou, caso disso, mergulho, pesca, mesmo canyoning, uma espécie de “alpinismo” em cascatas em que a ilha das Flores se está a tornar uma Meca.

Nós caminhámos do Lajedo rumo à Fajã Grande (PR2) e foram três horas de beleza campestre, pelos campos e pastos, com o mar sempre no olhar e cruzando aldeias hospitaleiras, metendo conversa, admirando as omnipresentes vacas.

Ficam por aqui também trilhos únicos: um imperdível, o do poço da ribeira do Ferreiro (antes chamado da Alagoinha ou lagoa das Patas), uma meia hora até à grande lagoa para onde correm cascatas em série; ou, na Fajã Grande, antes da surreal Ponta da Fajã — uma mini-aldeia em altaneira língua de rocha —, o caminho do Poço do Bacalhau, que se faz em minutos até uma outra bela lagoa-piscina e cascata.

Do outro lado da ilha das Flores, perto de Santa Cruz, ainda nos “perdemos” no caminho da baía da Alagoa, no silêncio de uma praia de areia negra e no cansaço prazenteiro de uma escadaria florestal que sobe (e desce) centenas de degraus. Por toda a ilha, assinale-se, há muitos mais percursos possíveis.

Não deixe também de fazer a sacramental volta das sete lagoas (a visão das lagoas Funda e Rasa é deslumbrante) e passar ao lado do surreal desenho do monumento geológico da Rocha dos Bordões.

E não se apresse, há que dar tempo à contemplação. Como aquele momento em que nos perdemos a olhar para as ondas a enrolarem-se na praia da Fajã Grande e em cada onda nascia um arco-íris.


Crónica: edição especial do suplemento «Fugas» do «Público».
Saudações florentinas!!

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